Antes de mais nada, é preciso dizer que frequentemente somos questionados a respeito desta relação e por isso resolvemos explorar mais este assunto. Com o avanço nos investimentos e novos modelos de negócios com o biogás no país, ele vem numa crescente popularização. Em contrapartida, empresas privadas e o Governo Federal estão começando a dar mais atenção para o gás natural.
De antemão, o lançamento de diversos programas ao longo da história como o “Gás para Crescer”, o Brasil começou a despertar para o uso da alternativa. Inicialmente, os programas tinham como objetivo o lançamento de uma oportunidade para um novo mercado de gás natural com a minimização da Petrobras no cenário.
Com isso, os anos se passaram e surgiram novas políticas e legislações que inauguraram em 2019 o chamado “Novo Mercado de gás”. O programa que visa a democratização do gás no país incluindo o biometano e as suas vantagens que são semelhantes a outros produtos do tipo. Mas para compreender o biogás e o gás natural no Brasil, é preciso antes saber: afinal, o que é gás natural?
O que é gás natural?
O gás natural é um combustível fóssil encontrado na natureza e pode ou não ser associado ao petróleo. Assim como este outro combustível fóssil, o gás é resultado da degradação da matéria orgânica ao longo dos anos. Ele não tem aroma nem coloração de acordo com a Bahiagás.
Primeiramente é importante saber que o gás natural é uma substância composta pelos hidrocarbonetos metano (CH4), etano (C2H6) e propano (C3H8). Esses hidrocarbonetos permanecem em estado gasoso nas condições atmosféricas comuns.
Outro ponto a ser destacado, é que o gás natural tem uma densidade maior do que a do ar e atualmente, seu armazenamento pode ser feito em instalações de gás natural subterrâneas em campos depletados. A maneira mais barata de armazenagem é o uso dos reservatórios de campo depletados para guardar grandes quantidades a longo prazo, seguido do uso de aquíferos e cavernas artificiais de sal. O gás natural é um combustível gasoso menos perigoso e de armazenagem fácil e pode ser encontrado em dois tipos: o gás natural associado e o gás natural não-associado.
Gás Natural Associado
Pode estar dissolvido em óleo ou não. A razão para se considerar um campo de gás associado é a relação gás e óleo ser inferior a 20.000 pés³ por barril, mas será necessário o refino independente da forma, para controlar a concentração de enxofre.
Gás Natural Não-Associado
Nos reservatórios ele está livre de óleo e contém uma pequena quantidade deste componente. Ou seja, nessas condições a comercialização fica mais fácil, já que não é necessário a separação, como na condição anterior.
Da mesma forma, para ser efetivamente consumido, este gás precisa primeiramente ser passado por gasodutos e uma unidade de processamento. Lá serão retiradas as impurezas como águas, outros gases e areia, além de outros componentes.
É importante citar que o Novo Mercado de Gás visa a criação de novos gasodutos para facilitar o recolhimento desses gases e o tornar cada vez mais acessível. Contudo, o Brasil tem uma grande quantidade de reservas de gás natural, o que permite um longo abastecimento do país.
O biogás e o gás natural, são a mesma coisa?
O biogás é considerado um gás natural? De antemão é importante saber que o Biogás é proveniente da degradação da matéria orgânica (biomassa). Só apresenta essas características por ser produzido com a utilização de lixo orgânico, tendo um grande peso na redução dos impactos ambientais.
Então não, eles não podem ser considerados a “mesma coisa”, entretanto ambos tem alto poder calorífico e podem ser utilizados com a mesma finalidade: geração de energia térmica e veicular. Portanto o biogás é uma fonte de energia renovável mais limpa que o gás natural.
E o biometano?
O Biometano por sua vez é obtido a partir do refinamento e processamento deste biogás. Porém, para transformar biogás em biometano, é necessário que ele seja convertido e purificado resultando em um combustível gasoso com elevado teor de metano na sua composição (biometano). Deste modo ele pode ser transportado na forma de gás natural comprimido por meio de gasodutos.
O que é o Novo Mercado de Gás?
Com o crescimento da demanda por gás natural, vários serviços públicos começaram a manifestar interesse pelo biogás. Nesse sentido, iniciou-se a corrida para democratizar o uso dessa alternativa.
Em 1995 a Petrobras tinha direito ao monopólio sobre as atividades das indústrias petrolíferas e do gás natural no Brasil, porém no decorrer do processo, foi aprovada a Emenda Constitucional n° 9 que flexibilizou o monopólio. Porém, não houve nenhuma alteração significativa na estrutura do mercado, que passou por diversas iniciativas e regulamentações, até chegar em uma que obtivesse sucesso. Deste modo, a mudança se encontra na criação do novo mercado de gás em 2019.
O Novo Mercado de Gás é um projeto do Governo Federal que visa a formação de um mercado de gás natural aberto, que promova a competitividade das fontes alternativas, aumentando o desenvolvimento econômico do país. Coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – (MME), o programa abrange medidas para todos os setores envolvidos pela cadeia de valor do gás natural, do inicio ao fim do processo. As medidas visam o uso mais eficaz das infraestruturas e à atração de novos investimentos para a promoção da concorrência no mercado de gás natural no Brasil.
Atualmente, além do MME e Governo Federal, o mercado também é regido em conjunto com a Casa Civil da Presidência da República, o Ministério da Economia (ME), ANP, o EPE e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O papel da Petrobras no desenvolvimento do mercado
A Petrobras é o guia para os desinvestimentos do mercado. Isto, quando bem pontuado em todas as etapas da cadeia, poderá resultar no fortalecimento da competição por meio da venda de refinarias; incentivar o transporte independente, prezando pela qualidade do uso pela estatal para oferta de capacidade excedente; estimular a venda da participação nas distribuidoras estatais e comercializadoras. Logo, esse programa de desinvestimentos será balizado pela atuação do CADE, a partir de Termo de Compromisso de Cessação (TCC) firmado entre esse órgão e a companhia estatal.
Gás natural no mundo
O gás ainda tem custos muito elevados em diversos países. Definitivamente o Brasil tem o gás mais caro da América Latina e segundo a EPE o valor chega a quase US$ 14 por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica). Enquanto isso na Europa, a necessidade depende da produção e do gás importado. Lá o preço tem média de US$ 7 a US$ 8 por milhão de BTU.
Os Estados Unidos ainda superam o valor Europeu, com US$ 4 por milhão de BTU. O valor brasileiro é o terceiro na lista dos mais caros para o consumidor da indústria em relação aos países da Europa. Devido ao cenário, esse é o motivo pelo qual o governo deseja reduzir o custo do gás no país. O preço afasta o crescimento do mercado nacional.
Portanto, com a abertura do mercado, o preço final do produto torna-se mais competitivo. Neste situação a redução do custo do insumo permite a compra nos países produtores por indústrias brasileiras.
Biometano e a abertura do novo mercado de gás
Como já sabemos das vantagens relacionadas ao biogás e ao gás natural no desenvolvimento do novo mercado de gás no país, também é importante levantarmos os benefícios que envolvem o biometano.
Atualmente o novo mercado de gás, vem com a oportunidade de democratização da energia, promovendo uma oportunidade de desenvolvimento da economia e otimização de recursos da indústria.
Ao passo que o Biometano traz propostas bem semelhantes, o NMG também contribuiu para uma nova fase do biometano. Uma vez que o programa integra os setor de gás com os de energia elétrica e industrial.
Biometano X Gás natural fóssil
Nicolas Berhorst, economista e atual analista de mercado no Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBIOGÁS), contou sobre como o Biometano pode competir com o gás natural fóssil caso a redução desses combustíveis aconteça:
“Se todo o potencial de produção de biogás e biometano no Brasil conseguisse se estruturar para produzir biometano em grande escala, isso abaixaria o preço, além dos ganhos de valor de ter um energético de qualidade no interior que abrange as vantagens em relação ao Gás Liquefeito de Petróleo – (GLP) e Gás Natural Liquefeito – (GNL)”
Sob o mesmo ponto de vista, a reabertura desse setor, possibilita a inclusão de medidas mais liberalizantes de mercado. Desde 2015 a Resolução n° 8 da ANP confirma que o biometano deve ser tratado de forma análoga ao gás natural, desde de que a qualidade do gás cumpra com os pré-requisitos descritos em tabela.
No contexto relacionado à cadeia do biogás, este momento representa uma rica oportunidade para contribuir nos detalhes sobre a complementaridade do biometano ao gás natural.
Além disso, também há a comparação dos dois energéticos, uma vez que ambos apresentam densidade energética, transportabilidade e armazenabilidade. Logo, também existem outros requisitos em comum.
Biometano: fonte alternativa de combustível renovável
De acordo com Berhorst, o Biometano tem grande potencial de utilização como fonte alternativa de combustível renovável, e desta maneira, ele contribui de forma eficaz para a modernização da matriz energética nacional.
Definitivamente este mercado não para de crescer e gerir uma instituição com valores sustentáveis, ajuda a fomentar mais negócios. Como resultado promove planos de preservação ao meio ambiente.
O Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBIOGÁS promoveu o webinar: Negócios para Fornecedores da Cadeia de Biogás . É um importante evento que debate e amplia o acesso a outros assuntos pertinentes ao biogás e biometano no Brasil.
Conteúdo original cibiogas.org. Para informações, dúvidas e sugestões de temas, entre em contato conosco.