O Vento é o fluxo de gases em curta escala. Na Terra, corresponde ao deslocamento do ar, que migra de regiões de alta pressão atmosférica para pontos onde essa pressão é inferior. Além de facilitar a dispersão dos poluentes, é abundante e infinito. E daí surge uma grande oportunidade: a energia eólica.
Atualmente nos deparamos com desafios como reduzir as elevadas emissões de dióxido de carbono geradas por grandes setores do mercado, aliado a necessidade de diversificar as matrizes energéticas atuais. E para um futuro bem próximo, o crescimento populacional será um dos grandes desafios da sociedade. E é daí que opções vem surgindo nos últimos anos, desde quando estas preocupações deixaram de ser apenas estimativas.
Dentre as fontes de energias renováveis, destaca-se a energia mecânica produzida pelos ventos, que vem apresentando a cada ano crescimento expressivo, grande expectativa de crescimento futuro e custos mais baixos.
E a tecnologia não tem nada de atual, há mais de 3000 anos, a conversão de energia eólica em energia mecânica vem sendo utilizada pela humanidade. Na agricultura, os moinhos de vento eram capazes de bombear água para irrigação das plantações.
A tecnologia eólica
O aproveitamento da energia eólica para produção de eletricidade em larga escala é feito recorrendo aos aerogeradores de grande dimensão, os quais podem ser implantados em terra ou no mar e estar agrupados em parques ou isolados.
São constituídos por uma torre metálica com uma altura que pode oscilar entre 25 e 80 m e por turbinas com duas ou três pás, cujos diâmetros de rotação se situam em valores idênticos à altura dos postes.
As turbinas de última geração têm uma capacidade de produção de energia de 1.6-2 MW, algumas chegando a 5 MW.
A velocidade mínima do vento necessária para entrarem em funcionamento ronda os 10-15Km/h e a velocidade de cruzeiro é de 50-60 Km/h.
Em caso de tempestade as pás e o rotor são automaticamente travados quando a velocidade de vento for superior a 90 Km/h. Uma vez travado, o aerogerador pode suportar velocidades de 200Km/h sem sofrer danos.
Possuem ainda proteção contra raios e microprocessadores que permitem o ajuste continuado do ângulo das pás às condições de vento dominantes e a manutenção de uma saída de corrente elétrica uniforme. Condição esta muito importante quando se encontram ligados à rede de distribuição eléctrica.
Os dados sobre a energia eólica no Brasil
O Brasil é o País mais promissor do mundo em termos de produção de energia eólica, na avaliação do Global Wind Energy Council, organismo internacional que reúne entidades e empresas relacionadas à produção desse tipo de energia.
A região que se destaca é a Nordeste: mapas eólicos desenvolvidos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica apontam que a área tem uma das melhores jazidas do mundo, contam com boa velocidade de vento, baixa turbulência e uniformidade. O potencial total é estimado em 30 mil MW.
Em termos estratégicos, este tipo de matriz é importante, porque os ventos são mais fortes nos períodos de seca (entre junho e dezembro), quando a produção das hidrelétricas tende a cair.
Com ventos favoráveis e uma variedade na matriz enérgica renovável, estudos apontam que o governo brasileiro tem capacidade de desenvolver programas para promover a energia sustentável e competir com o mercado internacional.
A energia eólica só cresce…
A primeira vez que vi de perto um kit solar para produção de energia foi em 1977 num campus universitário da Paraíba. Ainda criança, achei tudo aquilo meio futurista e totalmente deslumbrante, conta André Trigueiro, especialista em gestão ambiental e sustentabilidade, e jornalista da Folha de São Paulo.
Lá se vão mais de 40 anos, e a energia solar no Brasil – que rivaliza com a Austrália na condição de país com maior insolação em todo o planeta – já soma mais de 19 mil sistemas fotovoltaicos instalados, a um custo que vem caindo ano a ano e que, de acordo com o último leilão de energia realizado há duas semanas, já se tornou mais competitivo que as térmicas a gás ou as PCHs (pequenas centrais hidrelétricas).
No mesmo leilão, a energia eólica realizou um feito histórico ao oferecer um preço (R$ 98,62/MWh) que, na prática, foi inferior ao custo médio de todas as hidrelétricas construídas no Brasil desde 2005.
Ou seja, o vento desbancou no mercado de energia aquela que vinha sendo a mais competitiva de todas as fontes. Somando mais de 500 parques eólicos com 6.500 aerogeradores instalados, a energia do vento chegou a abastecer 12% do território nacional e mais de 60% da região Nordeste.
A pergunta é: Se tivermos que aumentar nossa capacidade de geração de energia, quais são as opções disponíveis no país? Porque no final isso irá determinar a capacidade do Brasil em produzir energia sob um paradigma de desenvolvimento sustentável.
A ONU assume três metas principais a serem atingidas até 2030: assegurar o acesso universal a serviços energéticos modernos, dobrar a taxa de crescimento da eficiência energética e a participação de fontes renováveis no total da energia consumida mundialmente. Países do primeiro mundo caminham na direção de acordos energéticos e maiores investimentos em energia por meio dos vento para alcançar suas metas, e surge daí, uma oportunidade para a sociedade brasileira se questionar sobre a construção de usinas com grande potencial de impacto ambiental, como a de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu, e enxergar o grande mercado e as benefícios de se adotar outra postura.