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O que é Capital Natural? Priorizá-lo pode beneficiar o seu negócio

Qualquer negócio depende da natureza para obter sucesso. É o caso óbvio de indústrias e outros segmentos que usam recursos naturais como matéria-prima, e não tão óbvio, como no caso do terceiro setor. Nem sempre a relação é clara, aparentemente instituições financeiras e escritórios dependem menos de capital natural (recursos) mas, ainda assim, usam papel feito a partir de celulose, água para fins cotidianos, energia gerada em hidrelétricas, etc.

Isso mostra que, em casos de crise de recursos naturais, todos são prejudicados. Um exemplo claro dessa situação foi a recente crise elétrica brasileira, causada pela forte estiagem que atingiu o sudeste do país, e que ameaçou o abastecimento de empresas, implicando em perdas produtivas e até mesmo na disponibilidade de água potável para a população.

Infelizmente, até pouco tempo, a população geral e as grandes corporações não tinham a percepção das consequências do uso desenfreado de recursos naturais. Pensou-se sempre que os recursos estariam ali, dados de graça pela natureza e que poderiam ser utilizados de acordo com nossa vontade.

Hoje somos afetados pelos impactos causados ao nosso modo de vida, devido ao mau uso desses recursos: perdemos terras com potencial agropecuário para desertificação; perdemos potencial hidrelétrico por escassez de água e assoreamento; cidades tem enormes prejuízos por conta de alagamentos e desmoronamento de terra; dentre outros.

Assim, a partir desse legado de débito intergeracional com a natureza e a sociedade, que ameaça nosso próprio modelo de vida, é necessário repensar a maneira como as empresas e a população lidam com os recursos naturais. Visando adequar a representação da natureza para um mundo baseado no capital, foi desenvolvido um novo arranjo social, ambiental e econômico para a interação com a natureza: o Capital Natural.

Entenda o que é Capital Natural e – acredite – seus negócios irão agradecer!

O que é Capital Natural?

Trata-se de um conceito que enxerga, sob a ótica dos custos de produção, o valor dos recursos naturais em relação a um produto ou serviço. A ideia é deixar de considerar tais insumos como ativos gratuitos e passar a fazer uma espécie de valoração/precificação dos mesmos, tratando-os como capital, nos mesmos moldes como tratamos recursos econômicos.

Se uma empresa depende da natureza para seu sucesso, ela deve pensar nesses bens naturais como parte de seu capital. Afinal de contas, uma eventual escassez desses recursos irá afetar diretamente a produtividade e a saúde financeira dos negócios, acarretando também riscos para investidores.

Por que você deve se importar com Capital Natural?

Utilizando o conceito de Capital Natural e as ferramentas hoje disponíveis, é possível:

  • Antecipar-se às dificuldades futuras, como a falta de determinado recurso natural, por exemplo;
  • Desenvolver oportunidades para otimizar a utilização de bens naturais a fim de economizar gastos e atrair mais investimentos;
  • Compreender quais recursos são essenciais para seu negócio e assim priorizá-los;
  • Saber quais recursos são mais impactados pelas operações da sua empresa;
  • Entender os riscos que a eventual escassez de recursos pode trazer para seu negócio;
  • Gerar um relatório com dados e resultados objetivos dos possíveis impactos financeiros, sociais e ambientais, melhorando a análise no momento da tomada de decisão.

Quais são os desafios do Capital Natural?

Trata-se de um conceito que vem ganhando peso nos últimos anos e que pode ajudar a integração dos recursos naturais no processo de avaliação de investimentos e operações das empresas, ajudando a envolver setores que tradicionalmente não tinham essa preocupação como o departamento financeiro e a alta diretoria das empresas.

No passado havia apenas uma abordagem voltada quase que exclusivamente ao aspecto ecológico. Parecia que cuidar da natureza era coisa de ambientalista e dos governos, por meio de unidades de conservação. Tal abordagem não refletia as necessidades reais de uma corporação, sendo preterida nos momentos de tomada de decisão, uma vez que seus resultados não geravam informações práticas para a empresa.

Era fundamental, portanto, desenvolver uma metodologia que provasse o impacto da má gestão de bens naturais no capital da empresa, sem diminuir a importância de seu aspecto ecológico, a fim de atingir a alta gestão e cativar a atenção de líderes e tomadores de decisão.

Visando quebrar de vez essa barreira, um grupo de renomadas instituições internacionais, reunidas em uma coalizão – Natural Capital Coalition, trabalhou na elaboração do Protocolo de Capital Natural.

O que é o Protocolo de Capital Natural

O Protocolo de Capital Natural é um documento de padronização que auxilia gestores de negócios a terem uma referência confiável a fim de ajudá-los a estipular seus próprios relatórios de forma confiável. Tais registros levam em conta pontos importantes para a inserção do Capital Natural como parte da lógica produtiva da empresa.

Cada negócio tem suas particularidades em relação aos impactos ambientais e sociais que gera na comunidade em que está inserida, assim como possui sua própria relevância política e se posiciona de forma singular em meio a sociedade em que atua.

Desta forma, era importante elaborar um relatório padrão que possa ser reaproveitado por diferentes entidades a fim de identificar riscos relativos aos recursos naturais, bem como oportunidades de crescimento por meio desses bens.

As etapas do Protocolo são:

  1. Why ou “por que”: não adianta fazer o relatório de forma vazia. Sendo assim, pergunte-se: “Por que você precisa de uma avaliação de capital natural?
  2. What ou “o que”: entenda como é feita a avaliação de capital natural e descubra conceitos como: relações de risco, dependências, impactos e oportunidades advindas de suas análises;
  3. How ou “como”: é chegado o momento de fazer a aplicação prática do protocolo, mensurando e avaliando financeiramente os conceitos definidos na etapa “what”, como riscos, impactos e oportunidades;
  4. What Next ou “o que vem depois”: trata-se da elaboração do plano de ação com base nos dados levantados com objetivo de inserir o capital natural na produção da empresa.

Capital Natural ainda é um conceito que está ganhando força, é verdade, porém está cada vez mais palatável para negócios de todos os tamanhos. E, com o passar do tempo, a necessidade de repensar a gestão dos recursos naturais torna-se mais evidente.

O Protocolo pode ser acessado gratuitamente aqui, mas é interessante que você tenha um consultor especialista em Desenvolvimento Sustentável para facilitar sua compreensão sobre o assunto.

Conteúdo original cebds.org. Para mais informações, dúvidas ou sugestões de temas, entre em contato conosco.