Relatório do IPCC ratifica que mudanças devem ser imediatas para emissões a zero
Há aproximadamente 3 meses do encontro mais esperado do ano na Escócia, para a COP-26, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) divulgou nessa segunda feira, 09 de agosto, o SPM (Summary for Policymaker) do grupo 1 com o sexto relatório de avaliação (AR6 – Sixth Assessment Report).
Assim como em edições anteriores, o sumário mantém a sua originalidade de informar aos governos e tomadores de decisões de cada nação, resumindo as principais conclusões técnicas dos relatórios. Refletindo o consenso científico e os estudos mais aceitos da literatura.
As conclusões são resultado de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo. Segundo o relatório divulgado pelo IPCC, a redução do desmatamento e da degradação tem o potencial de mitigar até 5,8 bilhões de toneladas de CO2 por ano no mundo. O Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução.
As previsões do relatório
Em sua totalidade a publicação aponta que a ação humana tem aquecido o sistema climático. Além de que as mudanças do clima já estão ocorrendo em todo o planeta de maneira acelerada e disseminada. Destaca-se que a temperatura sobre os continentes foi, em média, de 1,59° C, entre os anos de 2011 a 2020.
Os cientistas do IPCC demonstraram que os níveis dos oceanos aumentaram drasticamente devido as alterações climáticas. Sendo 20 cm em um século aproximadamente, com um salto expressivo de 3,7mm entre os anos de 2006 a 2018.
O texto menciona que “As concentrações de CO2, CH4 e N2O, os três principais gases de efeito estufa em mistura na atmosfera, são as maiores em 800 mil anos”.
Em paralelo, o Observatório do Clima destaca que a temperatura global subiu mais rápido desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos nos últimos dois milênios. As temperaturas desde 2011 excedem as do último período quente (cerca de 6.500 anos atrás) e se igualam às do período quente anterior (125 mil anos atrás), quando o manto de gelo da Groenlândia desapareceu quase totalmente.
O AR6 possui uma nova série de cenários de emissões, o CMIP6 (sigla em inglês para “Projeto de Intercomparação de Modelos Climáticos Versão 6), são cinco cenários, dois de baixas emissões (SSP1-1.9 e SSP1-2.6), um de médias emissões (SSP2-4.5) e dois de altas emissões (SSP3-7 e SSP5-8.5).
Com essa nova classificação, o limite ambicioso do Acordo de Paris (COP 21) de 1,5°C , deve ser ultrapassado entre 2021 e 2040, sendo virtualmente certo que cada aumento adicional do aquecimento global acarreta mudanças maiores nos eventos extremos.
Cada meio grau a mais de aquecimento aumenta a frequência de ondas de calor, tempestades e secas que afetam a agricultura. Mesmo com o aquecimento global estabilizado em 1,5°C, eventos extremos sem precedentes no registro histórico deverão acontecer.
Acordo de Paris IPCC
O relatório aponta que, se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2º Celsius estabelecido no Acordo de Paris, provavelmente as terras férteis se transformarão em desertos. As infraestruturas vão se desmoronar com o degelo do permafrost – tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados -, e a seca e os fenômenos meteorológicos extremos colocarão em risco o sistema alimentar.
Os autores enfatizam que as recomendações poderiam ajudar os governos a prevenir os piores danos, reduzindo a pressão sobre a terra e tornando os sistemas alimentares mais sustentáveis, enquanto atendem às necessidades de uma população crescente.
O Brasil e a Região Amazônica
Na América do sul, destacando a região amazônica no centro-oeste brasileiro, Bolívia e Peru, irão apresentar os maiores aumentos de temperatura nos dias mais quentes do ano, até duas vezes mais que a taxa de aquecimento global. Enquanto o Ártico deve ter a maior elevação de temperatura nos dias mais frios do ano, cerca de três vezes a taxa de aquecimento.
O sumário enfatiza que o aquecimento global ultrapassará 1,5°c antes do meio do século, mas que pode ser reduzido abaixo disso até o final do século com ação ambiciosa imediata. Tais ações se limitam a redução do impacto humano no clima a um único nível tolerável de emissão, o de emissão zero.
Você pode conferir o Relatório em inglês aqui. O IPCC também divulgou de maneira inovadora e dinâmica as informações no trello, que você pode ter acesso aqui!
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