O Etanol Brasileiro e a Rota Tecnológica para SAF
O Brasil, como segundo maior produtor de etanol do mundo, possui uma vantagem única no desenvolvimento de combustíveis de aviação sustentável (SAF). Em 2022, o país produziu 30,9 bilhões de litros de etanol, sendo 29,2 bilhões de litros de etanol hidratado e 1,7 bilhão de litros de etanol anidro. Diogo Bertoldi Youssef, gerente de Engenharia e Despacho de Voo da Azul, destaca o potencial desse setor do país.
O etanol, proveniente de cana-de-açúcar e milho, pode ser transformado em SAF por meio do processo denominado álcool-a-jato (ATJ). Embora ainda não tenha atingido grande escala global, esse processo está atraindo investimentos nos Estados Unidos e no Brasil.
A Azul Linhas Aéreas Brasileiras anunciou que vai começar a usar SAF em seus voos a partir de 2024. A companhia vai comprar 100 milhões de litros de SAF da Raízen. A Azul é a primeira companhia aérea brasileira a anunciar o uso de SAF. A companhia pretende usar o biocombustível para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
Reconhecimento Internacional de Atributos Ambientais e Políticas Públicas
Para que o SAF brasileiro seja produzido a partir de etanol de alcance do mercado internacional, é necessário que seus atributos ambientais sejam reconhecidos globalmente. Como já citado anteriormente, a certificação do SAF da Raízen pelo CORSIA é um passo importante nessa direção.
Com a produção possível de SAF no Brasil, surgem desafios e oportunidades, incluindo a disputa pelo mercado com companhias aéreas europeias. A política pública desempenhará um papel fundamental na determinação dos preços e na disponibilidade do SAF nacional.
A proposta do “Combustível do Futuro” entregue ao Congresso Nacional visa criar um mandato de redução de emissões com o uso de SAF. Para o setor aéreo nacional competir e prosperar, será essencial desenvolver políticas que atendam às necessidades do Brasil e às metas de descarbonização.
Experiências Internacionais e Cenário Atual
Exemplos internacionais, como os subsídios nos EUA, onde o governo concede créditos por galão adquirido, destacam a importância de incentivos para a indústria de SAF. Os modelos tributários que atendem à indústria de SAF brasileira são necessários para sua competitividade global.
A colaboração entre Honeywell, empresa multinacional de tecnologia que fornece uma ampla gama de produtos e serviços para o setor aeroespacial, e Granbio, empresa brasileira de biotecnologia industrial que cria soluções para transformar biomassa em produtos renováveis, demonstra o potencial de expansão da produção de SAF a partir de resíduos de biomassa. Essa tecnologia modular e o apoio governamental visam ampliar a produção de SAF para a escala comercial.
Dados recentes mostram que o etanol está se tornando uma alternativa vantajosa em relação à gasolina no Brasil, com preços mais competitivos, o que contribui para uma transição para combustíveis mais sustentáveis.
O Brasil, com sua vasta capacidade de produção de etanol, tem a oportunidade de liderar a transição para combustíveis de aviação sustentável e desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de carbono na aviação global. Contudo, para alcançar esse objetivo, é necessário que o país desenvolva políticas públicas detalhadas e coopere com a indústria de SAF, garantindo que o Brasil não produza apenas SAF, mas também se beneficie economicamente desse mercado em crescimento.
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