Neste artigo vamos destacar a ABNT PR 2030 / ESG, norma que vem a detalhar estratégias de implementação do ESG nas organizações.
Independentemente do estágio de amadurecimento da empresa, do porte, setor ou constituição é possível dar entrada nos processos de sustentabilidade ambiental, social e organizacional propostos pelo conceito de ESG (Environmental, Social and Governance). A norma ABNT PR 2030 / ESG é um modelo que permite as organizações, identificarem seu estágio de evolução em relação a estes critérios.
Esta norma propõe um roteiro predefinido, com uma escada de cinco degraus de nível de conscientização e realização e três eixos principais (ambiental, social e governança) com temas, metas de evolução e critérios a serem atingidos.
Os Cinco Degraus:
Estágio 01 ELEMENTAR – Restringe-se ao atendimento da legislação e requisitos regulamentares, e/ou trata o tema de forma incipiente.
Estágio 02 NÃO INTEGRADO – Práticas dispersas, ainda não integradas de modo satisfatório com a gestão.
Estágio 03 GERENCIAL – Trata o tema estabelecendo processos estruturados, mecanismos de controle e melhoria continua integrados ao modelo de gestão.
Estágio 04 ESTRATÉGICO – Trata o tema, entendendo os riscos, oportunidades e ameaças relacionados ao negócio e à cadeia de valor), considerando-os na tomada de decisão estratégica.
Estágio 05 TRANSFORMADOR – Trata o tema/critério de forma a influenciar e catalisar mudanças transformacionais, promovendo engajamento estruturado com as partes interessadas e grupos impactados.
Os Eixos Principais:
Eixo ambiental:
Temas | Critérios |
Mudanças climáticas | Mitigação de Gases de Efeito estufa Adaptação às mudanças climáticas Eficiência energética |
Recursos Hídricos | Uso da água Gestão de Efluentes |
Biodiversidade e serviços ecossistêmicos | Conservação e uso sustentável da biodiversidade Uso sustentável do solo |
Economia circular e gestão de resíduos | Economia circular Gestão de Resíduos |
Gestão ambiental e prevenção da poluição | Gestão ambiental Prevenção da poluição sonora (ruídos e vibrações) |
Alguns exemplos de Boas Práticas (Mitigação de GEE):
- Mapear os principais riscos e oportunidades que possam advir das mudanças climáticas para seu negócio, estabelecendo estratégia e gestão de riscos, bem como verificando oportunidades de negócios e de economia de recursos financeiros associadas;
- Estabelecer uma sistemática para mensurar e reportar os níveis de emissão de GEE;
- Mapear a materialidade das fontes de emissão da organização e avaliá-las em relação às atividades da organização;
- Realizar auditoria de verificação do inventário por organização independente e habilitada;
- Dar publicidade aos dados e resultados referentes ao alcance das metas e dos compromissos assumidos no plano de mitigação;
Eixo social:
Temas | Critérios |
Diálogo social e desenvolvimento territorial | Investimento social privado Diálogo e engajamento das partes interessadas Impacto social |
Direitos Humanos | Respeito aos direitos humanos Combate ao trabalho forçado ou compulsório Combate ao trabalho infantil |
Diversidade, equidade e inclusão | Políticas e práticas de diversidade e equidade Cultura e promoção de inclusão |
Relações e práticas de trabalhos | Desenvolvimento profissional Saúde e segurança ocupacional Qualidade de vida Liberdade de associação Política de remuneração e benefícios |
Promoção de responsabilidade social na cadeia de valor | Relacionamento com consumidores e clientes Relacionamento com os fornecedores |
Alguns exemplos de Boas Práticas (INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO – ISP)
- Criar cultura de gestão que seja favorável ao engajamento das partes interessadas;
- Promover o mapeamento das partes interessadas relevantes para a organização e o entendimento de suas expectativas, necessidades e temas de interesse, como o objetivo de realização de temas de ISP;
- Estabelecer ações, projetos, programas e políticas de ações ISP baseadas nas necessidades das partes interessadas e na cultura interna da organização para o engajamento das partes interessadas;
- Elaborar política de programas de ISP, estabelecendo critérios, prioridades e metas a serem atingidas por suas ações;
- Estabelecer a dotação de recursos filantrópicos ou em condições facilitadas para negócios de impacto socioambiental (por meio de mecanismos blended finance);
Eixo governança:
Temas | Critérios |
Governança corporativa | Estrutura e composição da governança corporativa Propósito e estratégica dm relação à sustentabilidade |
Conduta empresarial | Compliance, programa de integridade e práticas anticorrupção Práticas de combate à concorrência desleal (antitruste) |
Práticas de controle e gestão | Gestão de riscos do negócio Controles internos Auditorias interna e externa Ambiente legal e regulatório Gestão da segurança da informação Privacidade de dados pessoais |
Transparência na gestão | Responsabilização (prestação de contas) Relatórios ESG, de sustentabilidade e/ou relato integrado |
Alguns exemplos de Boas Práticas (RELATÓRIOS ESG)
- Descrever, conforme adequado, a abrangência da abordagem ESG (pilares) na organização;
- Descrever os objetivos, metas e indicadores de desempenho definidos pela organização e o grau de atendimento e/ou cumprimento;
- Destacar a relevância das questões ESG para a estratégia de negócios e modelos de negócios;
- Reportar os temas ESG identificados como materiais na organização;
- Informar a aplicabilidade da legislação e/ou regulamentação exigidas pelos mercados nacional e/ou internacional em que a organização atua, se aplicável;
O Caminho da Trajetória ESG:
Existem vários caminhos para estabelecer uma estratégia ESG em uma organização, de acordo com o nível de maturidade, porte, processos, etc. De maneira geral este caminho passa por conhecer o processo interno e ter a intenção de estabelecer a estratégia, então diagnosticar os gargalos, planejar e implementar (fase da materialidade), sem nunca deixar de medir e mensurar os progressos e finalmente relatar e comunicar as mudanças. O gráfico a seguir tem a intenção de dar um painel deste caminho:
- MAPEAMENTO PROCESSOS INTERNOS: Mapeamento de processos, e práticas já adotadas, SWOT, principais stakeholders, demandas…
- DIAGNÓSTICO: Identificação de quais práticas podem ser consideradas ESG e de ajustes e proposições de potenciais práticas alinhadas à gestão de riscos, estratégias, e porte organizacionais.
- ESTRUTURA ESG: Definição de um “time” interno enxuto e multisetorial, eventualmente com assessoria externa independente, para periodicamente, discutir, decidir e promover engajamento, disseminação e comprometimento. Comitê ESG.
- MATERIALIDADE: Quais temas ESG potencialmente têm impacto na organização, comunidade do entorno, seus clientes, fornecedores, funcionários, acionistas…
- OBJETIVOS, METAS E INDICADORES: Para os temas de impacto relevante tanto para a organização quanto para os stakeholders (materiais), traçar objetivos, metas e indicadores coerentes com a estrutura e estratégias financeira e operacional da organização.
- MONITORAR, ENGAJAR E COMUNICAR: Monitorar, engajar e comunicar os resultados das metas de forma continua, pública, transparente e rastreável.
Conheça o material original:
APRESENTACAO-ABNT-PR2030-ESG_Maio23.pdf (sinproquim.org.br)
Saiba mais no nosso blog:
ESG – Due Diligence – Perguntas e Respostas – biO3 (bio3consultoria.com.br)