Inventário de GHG para e-metanol

O inventário de GHG para e-metanol ganhou centralidade com a entrada em vigor dos atos delegados da UE para RFNBOs (renewable fuels of non-biological origin) e a consolidação do escopo ISCC EU para certificar cadeias de hidrogênio e e-combustíveis com rastreabilidade e verificação independente. No contexto industrial, e-metanol depende de três pilares metodológicos: (1) comprovar que a eletricidade é renovável (additionality, temporal and geographic correlation), (2) aplicar a metodologia de cálculo de emissões específica para RFNBOs, e (3) manter a contabilidade e a cadeia de custódia auditáveis conforme ISCC.

O que a UE exige para RFNBOs (e onde o ISCC entra)

A Delegated Regulation (EU) 2023/1184 define a metodologia de emissões de ciclo de vida para RFNBOs e reciclados de carbono (RCFs), with the result expressed in Co.e/MJ do combustível final. Ela operacionaliza requisitos da RED II/III e estabelece as regras de contabilização de emissões por etapa e as condições para o uso de eletricidade da rede como renovável quando atendidos critérios específicos. Paralelamente, o ISCC estruturou documentos dedicados a RFNBOs — notadamente ISCC EU 202-6 (RFNBO & RCF) e ISCC EU 205-1 (GHG de RFNBO/RCF) — que traduzem os requisitos regulatórios em checklists de auditoria, trilhas de evidência e fórmulas de cálculo.

A UE também detalhou a verificação de eletricidade renovável com três condições-chave: additionality (novos ativos ou PPAs sem subsídio legado), temporal correlation (janela horária/mensal conforme fase) e correlação geográfica (mesma zona de oferta interconectada). Esses critérios amarram a produção de H₂ verde ao perfil de geração renovável, evitando “lavagem” de emissões via grid intensivo.

Fronteira e dados do processo de e-metanol

E-metanol é produzido, tipicamente, pela síntese catalítica de H via eletrólise with CO capturado (biogenic, DAC ou de processo elegível). No inventário de GHG para e-metanol, a fronteira cobre (i) geração/contratação de eletricidade renovável, (ii) produção e compressão de H₂, (iii) captura, purificação e compressão de CO₂, (iv) síntese e purificação do e-metanol, (v) utilities (vapor, resfriamento, compressed ar, water/effluent), além de embalagem e expedição quando aplicável. O ISCC 205-1 prescreve que o resultado seja reportado em gCO₂e/MJ e que cada parcela de emissão seja dividida pela energia do combustível final.

Quando existirem emission factors (FE) listados no Implementing Regulation (EU) 2022/996, eles devem ser aplicados; fontes alternativas só entram na ausência de FE aplicáveis. Essa hierarquia garante comparabilidade entre operadores e reduz arbitrariedade nas estimativas.

Passo a passo do inventário (orientado ao auditor)

  1. Defina a fronteira e o período: berço-ao-portão (ou portão-ao-portão, se for o caso), with 12 meses e linhas/ativos cobertos por certificado ISCC EU.
  2. Mapeie os fluxos críticos: kWh renováveis (PPA, autoconsumo, certificates), MWh de calor, Nm³ de H₂, t de CO₂ capturado, insumos químicos e utilidades. Registre cargas e perdas (compressão, blow-down, purgas, tocha).
  3. Comprove eletricidade renovável: evidências de additionality, correl. temporal (hora/mês conforme fase de transição) e correl. geographical (mesma bidding zone/área interconectada). Guardar contratos, garantias de origem e medições horárias.
  4. Aplique a metodologia RFNBO: calcule emissões por módulo (eletricidade → H₂; CO₂ → preparo; síntese → utilidades) according to 2023/1184 e ISCC 205-1; normalize em gCO₂e/MJ do e-metanol.
  5. Use FE/LHV corretos: prioritize 2022/996 para FE e poderes caloríficos; documente versões e datas. Para lacunas, cite bases secundárias e justificativas.
  6. Integre cadeia de custódia: se houver mistura física (p. ex., grid + PPA, CO₂ de múltiplas origens), adote mass balance em linha com ISCC 202-6 e reflita isso nas declarações de sustentabilidade.
  7. Relate e audite: gere relatórios com tabelas de cálculo, sources, hipóteses e reconciliações. O verificador seguirá o roteiro dos docs ISCC e dos atos da UE.

Alavancas técnicas que mais deslocam o resultado

  • Intensidade de carbono da eletricidade: é o maior driver do inventário de GHG para e-metanol; PPAs de eólica/solar dedicados e autoconsumo reduzem a pegada. O cumprimento simultâneo de adicionalidade + correlação temporal e geográfica é decisivo para a elegibilidade como RFNBO.
  • Eficiência do eletrólisador: menor kWh/Nm³-H₂ dilui emissões; registre performance real por hora/dia para auditar safra energéticas distintas.
  • Fonte e preparo do CO: CO₂ biogênico ou DAC tendem a melhor métrica, desde que o balanço energético de captura/compressão seja otimizado. Documente pureza, compressor, consumo elétrico e eventuais solventes.
  • Integração térmica: recuperação de calor de síntese e otimização de utilidades (vapor, água gelada) reduzem o módulo de processo no LCA.

Chain of custody (mass balance) e alegações

For RFNBOs, a rastreabilidade precisa casar bookkeeping de insumos/saídas com declarações ISCC. O ISCC 202-6 descreve como operar mass balance (períodos, losses, transferências) e como emitir Sustainability Declarations coerentes com o inventário; qualquer claim comercial (ex.: “e-metanol renovável”) deve refletir exatamente os atributos certificados e as regras de correlação aplicáveis.

Brazil: oportunidades e aderência

Projetos de e-metanol no Brasil miram exportação para a UE e mercados marítimos, onde a aceitação como RFNBO depende do cumprimento dos atos 2023/1184/1185 e da certificação de cadeia via ISCC EU. A comprovação de renovabilidade da eletricidade (PPAs dedicados, parques próprios) sob critérios de adicionalidade e correlação é o ponto-chave para elegibilidade — e para desempenho GHG competitivo em auditoria.

Erros frequentes (and how to avoid them)

  1. Usar FE “genéricos” quando há FE do 2022/996: o regulamento é claro — havendo FE aplicável, ele deve ser usado.
  2. Confundir garantia de origem com adicionalidade: GOs sozinhas não atendem a regra; é preciso vínculo contratual com nova capacidade renovável e cumprir correlação temporal/geográfica.
  3. Relatar apenas médias anuais: a verificação pode exigir granularidade horária/mensal para checar correlação temporal; organize dados desde o dia 1.
  4. Bookkeeping inconsistente: divergências entre o saldo energético e o “mass balance” quebram a trilha ISCC; reconcilie entradas/saídas/perdas por período.

Checklist de prontidão

  • PPA/geração renovável adicional contratado e medido com granularidade adequada.
  • Plano de temporal and geographic correlation formalizado (inclui zonas de oferta e cronograma de janelas temporais).
  • Inventário de dados primários (kWh, Nm³ H₂, t CO₂, utilities, inputs) e FE 2022/996 mapeados.
  • Procedimentos ISCC para mass balance e emissões (ISCC 202-6 e 205-1) implantados.
  • Relatórios de PCF/LCA em Co.e/MJ com memórias e evidências anexas, prontos para o auditor.

Conclusion

Para competir no mercado europeu, projetos de e-combustíveis precisam de inventário de GHG para e-metanol consistente, casado com additionality e correlações de eletricidade, official factors (2022/996) e cadeia de custódia ISCC. Quem organiza dados primários desde o desenho do projeto e integra mass balance, contratos de energia e metodologia 2023/1184/ISCC 205-1 chega à auditoria com números comparáveis e claims defensáveis — transformando requisitos regulatórios em vantagem comercial. Nossos consultores conduzem inventários de GHG para e-metanol (RFNBO) de ponta a ponta, integrando requisitos ISCC EU (2023/1184/1185), cadeia de custódia por mass balance, verificação de additionality e correlação temporal/geográfica of electricity, e uso rigoroso de FE/LHV oficiais (2022/996). Estruturamos o bookkeeping para auditoria, calculamos o resultado em Co.₂e/MJ com trilha de evidências e alinhamos o PCF a normas reconhecidas (ISO 14067 / GHG Protocol). Entregamos números comparáveis, claims defensáveis e documentação pronta para auditor independente — do desenho do projeto ao relatório final.

Learn more about GHG inventory in our blog, e mais sobre ISCC na página oficial.