O tópico biodiversidade abordado nos Padrões CCB Versão 3.1, é o último dos três pilares da abordagem de desenvolvimento sustentável, ao lado das questões de clima e comunidade. O documento estabelece critérios e indicadores para avaliar a biodiversidade em projetos de desenvolvimento e fornece orientações para a sua conservação e gestão responsável.
B1. BIODIVERSIDADE NO CENÁRIO DE AUSÊNCIA DE PROJETO
O critério B1 do documento trata da biodiversidade no cenário de ausência de projeto, ou seja, descreve as condições originais de biodiversidade na zona do projeto e as mudanças esperadas no cenário de uso do solo na ausência de projeto. Os indicadores associados a este critério incluem a descrição da biodiversidade na zona do projeto, a identificação de atributos de alto valor para conservação relacionados à biodiversidade e a avaliação de como o cenário de uso da terra na ausência de projeto afetaria as condições de biodiversidade na zona do projeto.
Nesse sentido, os indicadores são os seguintes:
- Descrever a biodiversidade na zona do projeto no início do projeto e ameaças a tal biodiversidade, utilizando metodologias adequadas.
- Avaliar se a zona do projeto inclui um dos atributos de alto valor para conservação (High Conservation Values – HCV) relacionados à biodiversidade e descrever os atributos qualificativos de quaisquer HCV identificados. Os atributos são áreas protegidas, espécies ameaçadas, espécies endêmicas e áreas que abrigam concentrações significativas de uma espécie em qualquer período de seu ciclo de vida.
Os critérios de alto valor para conservação baseiam-se nos definidos pela Rede de Recursos de Alto Valor para Conservação (HCV), onde há ajuda prática para o uso de HCVs em cada região, incluindo documentos com diretrizes genéricas (Kits de Ferramentas) e Páginas dos Países.
3. Identificar as áreas que precisam ser geridas para manter ou aperfeiçoar os HCVs identificados.
4. Descrever como o cenário de uso da terra na ausência de projeto afetaria as condições de biodiversidade na zona do projeto.
biO3 em Atuação
Vale ressaltar que Áreas de Alto Valor de Conservação é uma das áreas de atuação da biO3 Consultoria, exposto em um conteúdo exclusivo em nosso blog, abordando uma metodologia para identificar e proteger os impactos da mudança no uso da terra. Além disso, foram exemplificadas certificações que utilizam esse mesmo conceito de AAVC´s, e explicada em uma visão geral o modo e áreas de atuação para esse serviço. O conteúdo pode ser acessado pelo link. Para saber mais detalhadamente sobre o serviço, acesse o link de nosso portfólio, onde está a apresentação completa sobre o tema, além de outros serviços oferecidos.
B2. IMPACTOS LÍQUIDOS POSITIVOS SOBRE A BIODIVERSIDADE
O projeto gera impactos líquidos positivos sobre a biodiversidade na zona do projeto e mantém ou melhora qualquer atributo de alto valor para conservação presente na zona do projeto que seja importante para a conservação da biodiversidade.
- Estimar mudanças na biodiversidade e impactos previstos e reais das atividades do projeto na zona do projeto.
- Demonstrar que os impactos líquidos do projeto sobre a biodiversidade são positivos, em comparação com suas condições no cenário de uso da terra na ausência de projeto.
- Descrever as medidas adotadas para mitigar impactos negativos na biodiversidade e para a manutenção ou melhoria dos atributos de alto valor para conservação.
- Demonstrar que nenhum atributo de alto valor para conservação é afetado negativamente pelo projeto.
- Identificar todas as espécies utilizadas pelo projeto e mostrar que nenhuma espécie invasora conhecida será introduzida em nenhuma área afetada pelo projeto.
- Descrever possíveis efeitos adversos de espécies não nativas utilizadas pelo projeto no ambiente da região, incluindo impactos em espécies nativas e introdução ou facilitação de doenças.
- Garantir que nenhum OGM será utilizado para gerar reduções ou remoções de emissões de GEE.
- Descrever os possíveis efeitos adversos de fertilizantes, pesticidas químicos, agentes de controle biológico e outros insumos utilizados no projeto e justificar o seu uso.
- Descrever o processo de identificação, classificação e gerenciamento de todos os resíduos resultantes das atividades do projeto.
B3. IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE FORA DA ZONA DO PROJETO
O objetivo é avaliar e mitigar os impactos negativos do projeto na biodiversidade fora da sua zona.
- Identificar impactos negativos na biodiversidade fora da zona do projeto
- Descrever medidas de mitigação para impactos negativos na biodiversidade fora da zona do projeto
- Avaliar impactos negativos não mitigados na biodiversidade fora da zona do projeto e comparar com benefícios na biodiversidade dentro da zona do projeto, demonstrando que o efeito líquido do projeto sobre a biodiversidade é positivo.
B4. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE
O monitoramento dos impactos ambientais busca avaliar as alterações na biodiversidade que ocorrem tanto dentro quanto fora da área de abrangência do projeto.
- Desenvolver e implementar um plano de monitoramento que inclua as variáveis de biodiversidade a serem monitoradas, áreas, métodos de amostragem e frequência de relatórios. As variáveis devem estar vinculadas aos objetivos do projeto para a biodiversidade.
- Desenvolver e implementar um plano de monitoramento para avaliar a efetividade das medidas tomadas para manter ou melhorar a variedade biológica presente na zona do projeto.
- Comunicar publicamente o plano de monitoramento e os resultados, e garantir que estejam disponíveis na internet e acessíveis às comunidades e outros atores relevantes.
GL3. BENEFÍCIOS EXCEPCIONAIS PARA A BIODIVERSIDADE
Considerado opcional, o critério GL3 conceitua-se abordando os projetos que têm como objetivo de conservação em áreas consideradas globalmente importantes para a conservação, selecionadas com base na estrutura de Áreas-Chave para a Biodiversidade (ACB) de vulnerabilidade e unicidade. Essa conservação pode ajudar a cumprir os compromissos do país com as Metas de Aichi da Convenção da Diversidade Biológica e com as prioridades identificadas em uma Estratégia e Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade.
O projeto deve demonstrar que sua área de intervenção é de alta prioridade para a conservação, identificando espécies ameaçadas ou únicas que vivem na área. É necessário fornecer evidências de que a área cumpre os critérios de qualificação de vulnerabilidade ou unicidade, como a presença de espécies criticamente ameaçadas ou uma proporção significativa da população global de uma espécie presente na área.
Também é importante descrever as tendências populacionais das espécies ameaçadas ou únicas na área de intervenção e as possíveis mudanças no cenário de uso do solo na ausência do projeto.
O projeto deve incluir medidas para manter ou melhorar as condições populacionais dessas espécies, reduzindo as ameaças identificadas por um modelo causal. É importante incluir indicadores de tendência populacional e ameaças no plano de monitoramento e demonstrar a efetividade das medidas adotadas.
Portanto, os indicadores para um projeto visando a conservação da biodiversidade incluem a identificação de uma área de alta prioridade para conservação, atendendo aos critérios de vulnerabilidade ou unicidade. É importante descrever as tendências populacionais recentes das espécies “disparadoras” na área, as medidas necessárias para manter ou melhorar as condições populacionais das espécies e as ameaças a elas. Deve-se incluir indicadores de tendência populacional e ameaças no plano de monitoramento e demonstrar a efetividade das medidas adotadas para a conservação da variedade biológica.
Este é um conteúdo original biO3. Para visualizar outros conteúdos, como os outros indicadores do Programa CCB, acesse o link.