Neste artigo vamos explorar o sistema ISCC, uma parcela de sua história, seus objetivos, dar um panorama do seu programa de pegada de carbono e de suas soluções para cadeias de abastecimento sustentável.
História do ISCC
A história do ISCC começou em 2006 com um diálogo multissetorial que reuniu mais de 250 partes interessadas globais para trocar informações valiosas sobre as necessidades de certificação para a indústria de biocombustíveis.
O Ministério Federal Alemão da Alimentação e Agricultura (BMEL) desempenhou um papel vital nesta fase inicial, apoiando a fundação do esquema de certificação do ISCC através da sua Agência para os Recursos Renováveis (FNR).
Após uma fase inicial de concepção, o ISCC realizou projetos-piloto entre 2008 e 2010 que abrangeram diferentes cadeias de abastecimento. Em 2010, foi emitido o primeiro certificado ISCC e a Associação ISCC foi criada em Berlim. Encerrou o ano com 162 certificados emitidos e aumentou significativamente a cada ano desde então.
Nos anos seguintes, o ISCC tornou-se rapidamente o principal sistema de certificação para o mercado de energias renováveis da UE regulado pela RED II (antiga RED). Já em 2012, o ISCC respondeu à crescente procura de soluções de certificação credíveis em mercados fora do sector energético, estabelecendo a sua norma ISCC PLUS. Atualmente, o ISCC PLUS é amplamente utilizado em setores como embalagens e produtos químicos, mas também cada vez mais para alimentos e rações.
Fornecer soluções robustas de certificação em regiões, commodities e mercados tem estado no centro do ISCC desde o seu início. Isto é refletido pelo compromisso sustentado do ISCC em fornecer e desenvolver soluções robustas de certificação, incluindo todos os tipos de materiais de base biológica e reciclados, combustíveis sustentáveis para a aviação (ISCC CORSIA) e o setor marítimo, bem como as futuras aplicações PtX.
ISCC trabalha para um mundo sustentável
A missão do ISCC é utilizar a certificação como uma ferramenta para reduzir as emissões de GEE e estabelecer uma produção sustentável com cadeias de abastecimento totalmente rastreáveis, desde a origem até ao utilizador final. Isto será alcançado através da implementação de critérios sociais, económicos e ambientais.
Acreditamos que cadeias de abastecimento sustentáveis são cruciais para combater os impactos mais graves da crise climática. Dado que as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) são os principais contribuintes para as alterações climáticas, consideramos também a identificação e redução das emissões de GEE como uma parte importante do nosso trabalho.
A nossa visão é criar um mundo sem desflorestamento, uma economia verdadeiramente circular e uma bioeconomia sustentável que minimize a produção de resíduos. Uma agricultura sustentável que proteja terras com elevada biodiversidade e alto teor de carbono e que respeite os direitos humanos, laborais e fundiários contribuirá para esta visão. Ao fazê-lo, pretendemos desenvolver um sistema económico resiliente e mitigar as alterações climáticas.
Objetivos do ISCC
- Implementação do desmatamento zero
- Proteção de terras com alto valor de biodiversidade e alto estoque de carbono
- Proteção do solo, água e ar
- Cumprimento dos direitos humanos, trabalhistas e fundiários
- Medição e redução de emissões de gases de efeito estufa
- Rastreabilidade em todas as cadeias de abastecimento
Certificação de sustentabilidade para todas as matérias-primas e mercados em escala global!
Você está lidando com diferentes matérias-primas e gostaria de ter apenas um esquema de certificação de sustentabilidade que abrangesse todas elas? Com o ISCC, apenas uma auditoria é necessária para fornecer todas as matérias-primas a todos os mercados!
O ISCC é um sistema de certificação de sustentabilidade aplicável globalmente e abrange todas as matérias-primas sustentáveis, incluindo biomassa agrícola e florestal, resíduos e resíduos biogénicos, materiais circulares e energias renováveis. Com atualmente mais de 9.000 certificados válidos em mais de 130 países, o ISCC está entre os maiores sistemas de certificação do mundo.
Foi desenvolvido através de um processo aberto com múltiplas partes interessadas e é gerido por uma associação com mais de 250 membros, incluindo institutos de investigação e ONG. Sendo uma norma de não desflorestamento com um forte compromisso de proteger as florestas, as terras com elevado teor de carbono e a biodiversidade, o ISCC luta por um mundo onde a biomassa e outras matérias-primas sejam produzidas de forma ambiental, social e economicamente sustentável.
O fornecimento transparente de informações é de grande importância para o ISCC como um sistema de certificação seguro e confiável
Portanto, diversas informações estão disponíveis publicamente no site do ISCC, como Documentos do Sistema ISCC contendo requisitos detalhados de certificação e auditoria, diretrizes para auditorias, instruções para Usuários do Sistema sobre como participar do sistema, uma lista de todos os Organismos de Certificação que cooperam com o ISCC , uma lista de usuários certificados do sistema ISCC e usuários do sistema excluídos da certificação ISCC, bem como documentação das reuniões das partes interessadas do ISCC.
ISCC dá os próximos passos na Certificação da Pegada de Carbono
O ISCC, um dos principais sistemas de certificação internacional para cadeias de abastecimento sustentáveis e rastreáveis, iniciou com sucesso o desenvolvimento de uma certificação da pegada de carbono para vários produtos e cadeias de valor.
Os bens industriais e de consumo geram grandes quantidades de emissões de carbono ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas até ao seu fim de vida. Dependendo dos processos e das matérias-primas utilizadas para o fabrico, o efeito que um produto tem no ambiente difere e é refletido, entre outros, na Pegada de Carbono do Produto (PCF).
Muitas empresas procuram cada vez mais meios para medir e reduzir as emissões de carbono associadas aos seus produtos para, eventualmente, fazerem declarações credíveis aos seus clientes. Já existem inúmeras abordagens para apoiar estas ambições, tais como a utilização de matérias-primas não convencionais ou métodos de captura e utilização de carbono (CCU) e armazenamento (CCS). As empresas necessitam de um método confiável para verificar o impacto ambiental dos seus produtos e demonstrar a conformidade com critérios distintos.
Desenvolvimentos recentes do ISCC
Acompanhado do mercado e em constante diálogo com os seus stakeholders e utilizadores do sistema, o ISCC decidiu investir no avanço de uma certificação dedicada da pegada de carbono dos produtos. Jan Henke, Diretor do ISCC e MEO Carbon Solutions, explica: “Temos observado um interesse crescente por parte das empresas, especialmente da indústria química, em certificar as pegadas de carbono dos produtos e fornecer esta informação aos seus clientes. Para os fabricantes e intervenientes ao longo da cadeia de abastecimento, é fundamental reduzir a sua pegada de carbono e fazer declarações confiáveis aos clientes e consumidores.”
Para este fim, o ISCC começou a estabelecer e otimizar uma solução adaptada às necessidades dos utilizadores do sistema e das partes interessadas em diversas indústrias. O resultado de uma primeira fase de desenvolvimento e de vários projetos piloto é a Certificação de Pegada de Carbono (CFC) do ISCC. O CFC harmonizará a oferta existente no ISCC PLUS e será aplicável para a certificação do PCF. Além disso, o novo sistema permitirá ligar as certificações da pegada de carbono e o equilíbrio de massa ao longo de cadeias de valor complexas.
Ainda em desenvolvimento, o sistema será um módulo independente que se concentrará exclusivamente na pegada de carbono do produto e nos cálculos aplicáveis das emissões de gases de efeito estufa. Graças à sua flexibilidade, o CFC pode ser utilizado como um complemento da bem estabelecida certificação ISCC PLUS, permitindo aos utilizadores do sistema fazerem declarações tanto sobre a origem da matéria-prima como sobre o seu PCF.
Um pilar importante e uma primeira área de foco do CFC inclui técnicas de CCU e CCS. Ambas as aplicações são um caminho futuro para descarbonizar a indústria química. Para utilizar estas técnicas e comunicar o potencial de poupança de CO 2, é necessário certificar o cumprimento de diretrizes precisas e transparentes através da verificação por terceiros de sistemas de certificação multi-stakeholder.
Primeiros projetos-piloto confirmam viabilidade
Para testar a praticabilidade das metodologias aplicadas, o ISCC está a realizar projetos piloto num dos seus mercados foco e acaba de atingir o primeiro marco.
Fairway Metanol, uma joint venture entre Celanese e Mitsui & Co., foi a primeira a obter ISCC CFC para seu metanol CCU de baixo carbono. O material recentemente certificado demonstra uma redução superior a 70% na pegada de carbono em relação a uma referência média global para a produção de metanol de base fóssil. Kevin Norfleet, Diretor Global de Sustentabilidade, Acetyls da Celanese afirma: “Estamos orgulhosos de ser os primeiros a receber a certificação ISCC de pegada de carbono para materiais CCU, o que nos permite fortalecer nossa capacidade de oferecer aos clientes uma gama mais ampla de produtos com menor pegada de carbono. .”
O caminho a seguir
Outros projetos-piloto para medidas e configurações de redução adicionais ainda estão em curso e ajudarão a otimizar a abordagem atual e a garantir a sua aplicabilidade global passo a passo.
Portanto, atualmente as certificações só podem ser feitas com o envolvimento direto do ISCC. Henke acrescenta: “Para nós, o estabelecimento de um novo módulo para certificação da pegada de carbono dos produtos é outro passo importante para apoiar a transição para um futuro de baixo carbono. Para melhor atender às necessidades dos usuários e partes interessadas do nosso sistema, estamos comprometidos em avançar e otimizar o sistema inicial com base nos padrões e iniciativas existentes.”
Para mais detalhes técnicos, visite:
ISCC System – Solutions for sustainable and deforestation free supply chains (iscc-system.org)